Antes mesmo de programar uma viagem para a Finlândia e seus vizinhos do norte da Europa, é possível sentir um pouco de seus sabores em São Paulo. Foi o que experimentei ao visitar o restaurante O Escandinavo, comandado pela chef Denise Guerschman, em Pinheiros. Intimista e acolhedor, o espaço segue o estilo hygge — essa filosofia escandinava que celebra o conforto e o bem-estar nas pequenas coisas.

A entrada já é uma surpresa: para conhecer o endereço na Rua Mourato Coelho, é preciso tocar a campainha. Do lado de dentro, a sensação é de estar na sala de jantar de um amigo.
A mesa compartilhada reúne até 20 pessoas, que vivenciam juntas um menu à la carte, cuidadosamente explicado pela chef. Mais do que provar, também descobri curiosidades sobre ingredientes e tradições nórdicas.

Denise viveu quase uma década entre Noruega e Suécia, trabalhou no estrelado Bagatelle com o chef Eyvind Hellstrøm e trouxe ao Brasil o que aprendeu sobre a simplicidade sofisticada dessa culinária. Como ela mesma define, “tudo o que é servido aqui é feito no restaurante — e o que não é feito, vem direto dos países nórdicos”.
No cardápio, aparecem peixes curados e defumados, arenques noruegueses, gravlax, pato com hidromel, e o inusitado brunost, o famoso queijo marrom da Noruega, também presente em sobremesas como sorvete e o vaffel (waffle).

As bebidas completam a viagem sensorial. Além de vinhos orgânicos de uma vinícola norueguesa no Chile, há drinques autorais com dill e cloudberry da Lapônia. Destaque para o Aquavit, conhecido como o “gin dos escandinavos”.
O clima descontraído faz parte da proposta. Ao redor da mesa, desconhecidos se tornam amigos, compartilhando histórias enquanto descobrem sabores de países como Finlândia, Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia.

No bairro cool de São Paulo, o Escandinavo prova que a gastronomia pode ser também uma viagem cultural. Entre conservas artesanais, pão de centeio recém-saído do forno e taças de hidromel, é possível sentir um pedacinho do Norte sem sair de Pinheiros. Um cantinho nórdico na metrópole brasileira — discreto, afetivo e memorável.





