Dando continuidade à série de entrevistas com pessoas que respiram o empreendedorismo, a personalidade de hoje é o fundador da Suno Research e sócio fundador da Set Investimentos, Tiago Reis.
Tiago Reis tem mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e é formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
A democratização da informação
Vitor Horvath: Muito se fala sobre a democratização da informação e das facilidades que as ferramentas digitais oferecem para quem deseja aprender e se desenvolver. Por outro lado, é comum encontrarmos mensagens infladas e, algumas vezes, enganosas especialmente quando se fala de investimentos financeiros e retornos acima da média. Diante desse panorama, como o investidor amador e iniciante pode se proteger para não cair em furadas e dosar melhor as informações que consome?
Tiago Reis: Essa pergunta é excelente, porém para responde-la é necessário entender como era antes da popularização da internet.
Basicamente, as pessoas viviam no deserto do Saara, sem informações, pois não existiam muitos livros sobre investimento no Brasil.
Por isso, as informações eram obtidas por meio dos bancos e os gerentes com a intenção de vender seus produtos, com o objetivo de bater metas, somente divulgavam aqueles que possuíam maiores taxas.
Com o advento da internet, houve uma grande mudança, as pessoas passaram a encontrar inúmeras informações, mas também tem sofrido com aquelas consideradas tóxicas.
E como o investidor deve se defender? Por meio da desconfiança e dos estudos inerentes ao seu segmento. Uma dica é fugir de promessas, pois existem inúmeras pirâmides, não somente no mercado financeiro.
Toda promessa vem com uma tentativa velada de tirar dinheiro do seu bolso. Por isso, falou de promessa, corra!
O ideal é estudar os métodos utilizados pelos investidores que conseguiram êxito em seu segmento. Há uma série de investidores no Brasil e no exterior.
Se você pretende ser um excelente fotógrafo, por exemplo, deverá estudar as melhores referências da área.
O futuro dos grandes bancos
Vitor Horvath: Nota-se, nas redes sociais, que você destaca com frequência o viés parcial que os grandes bancos têm em indicar investimentos. Na maioria das vezes, o interesse deles não é o mesmo interesse do cliente.
Qual é o futuro dos grandes bancos, na sua opinião? Para onde eles devem caminhar para não sumir em meio às inovações de mercado?
Tiago Reis: Na minha concepção há dois caminhos possíveis ou talvez o meio termo. É notório que o poder dos bancos sofreu um grande impacto, já que não possuem mais uma vantagem competitiva. Os bancos costumavam operar de maneira amigável entre si, porém os clientes começaram a pesquisar e encontraram outras alternativas, como por exemplo, a XP.
O ser humano tem a tendência natural de sair de lugares ineficientes para o eficiente. E o que os bancos farão? Uma opção é adquirir um pedaço da XP, por exemplo.
Sabemos que o lucro anual dos bancos é imenso. Por isso, há capital suficiente para adquirir uma empresa que tem se destacado no mercado financeiro.
Entendo, que os bancos não irão se modernizar, na verdade, eles comprarão o player que se destaca, seja para incorporar a sua estrutura ou até mesmo aos poucos liquidar com esta iniciativa. Inclusive, foi o que aconteceu com a Ágora, uma das maiores empresas de corretagem do Brasil, que foi adquirida pelo Bradesco.
O segundo caminho seria essas instituições ganharem mais relevância, não somente a XP, mas também o Nubank, Banco Inter e outros.
Com isso, quem ganha é o consumidor que paga menos por um melhor serviço, algo que nem todos os bancos oferecem.
CEOs e as redes sociais
Vitor Horvath: Vemos poucos CEOs ativos nas redes sociais, especialmente quando se fala de mercados tradicionais. Qual é o papel das redes sociais na sua estratégia como gestor da SUNO e no seu desenvolvimento pessoal como profissional? Como elas se integram à sua rotina?
Tiago Reis: Mais uma excelente pergunta! Aqui na Suno, consideramos as redes sociais, um excelente canal para transmitirmos nossas mensagens e também captarmos clientes.
Infelizmente, poucos são os CEOs que utilizam as redes sociais. Entendo que o motivo seja os grandes bancos e demais empresas, devido a barreira competitiva por conta de monopólio.
De todo modo, acredito que a nova geração de CEOs não terão esse receio, já que buscarão formas de empreender, prestando o melhor serviço com um bom preço para o consumidor final, sem ter que buscar apoio do governo.
Quanto ao seu segundo questionamento, aqui na Suno temos uma equipe para cuidar de várias frentes, temos vários perfis.
Eu sou uma pessoa que opera ativamente no Instagram e no Twitter. Além disso, respondo diariamente 5 perguntas. Esse é um dos compromissos que possuo com meus seguidores no Instagram.
A volatilidade do mercado financeiro
Vitor Horvath: Como o investidor pode se preparar para lidar com os momentos em que a volatilidade do mercado financeiro estiver para baixo? Muitos investidores acreditam que o mercado está 100% do tempo positivo, o que é uma inverdade. Qual estratégia que você sugere para lidar com esses períodos negativos, que geram ansiedade em muitos investidores?
Tiago Reis: Bom, essa é a pergunta de bilhões ou trilhões de reais. Grande parte dos investidores não sabem lidar com a volatilidade, sejam brasileiros ou não.
Eu sugiro que invista no mercado acionário, somente o dinheiro que não será usado a curto prazo. Sobrou dinheiro, não tem o que fazer, então invista. Esta é a regra número um para investir na bolsa.
Além disso, faça um teste de estresse. Constate como sua carteira atual teria se comportado em uma eventual crise e seja sincero consigo! Veja se realmente conseguiria suportar, pois as crises virão. Afinal, um momento, está tudo indo conforme planejado, mas nem sempre será assim.
Uma boa estratégia para os períodos negativos é ter uma carteira tanto em setorial quanto geográfica. Como americanas, europeias, por exemplo.
MindSet
Vitor Horvath: Quais práticas você integra no seu dia a dia para desenvolver um mindset vencedor e lidar melhor com os desafios do dia a dia?
Tiago Reis: Você deve trabalhar com o que gosta. Eu sou apaixonado pelo meu trabalho, inclusive, nas horas vagas, eu venho para a Suno.
Nos dias atuais, é muito fácil trabalhar com aquilo que ama e um exemplo é a Gabriela Pugliesi.
Ela adora academia e fez dessa paixão um negócio.
