Descubra tesouros escondidos em Salvador, capital baiana

Baía de Todos os Santos, em Salvador, tem cenários estonteantes e pouco conhecidos por turistas; entre eles, destaca-se a paradisíaca Ilha dos Frades

Descubra tesouros escondidos em Salvador, capital baiana

De riqueza cultural e força histórica incontestáveis, a cidade de Salvador, na Bahia, é um dos destinos turísticos mais bonitos do mundo. A capital, tão bem representada na literatura, na música e no imaginário brasileiro, ainda esconde paraísos praticamente intocados e é capaz de surpreender até mesmo aos mais fiéis admiradores.

É lá que está situada a Baía de Todos os Santos – a segunda maior baía do mundo e a primeira do Brasil – que, com suas águas calmas e profundas, abriga mais de 56 ilhas e séculos de história. Entre elas Itaparica – a maior e mais populosa, Maré, Madre de Deus, Bom Jesus dos Passos e a paradisíaca Ilha dos Frades.

Apesar de considerada o berço da civilização ocidental e Patrimônio Cultural da Humanidade, a Baía de Todos os Santos ainda busca um lugar de protagonismo no turismo brasileiro. É neste sentido que a Fundação Baía Viva, entidade sem fins lucrativos, atua há mais de 20 anos. Por meio de ações concretas e recursos próprios, contribui para as requalificações urbana, social e ambiental das ilhas da região e vê no turismo o motor para o desenvolvimento econômico de boa parte das comunidades.

“Precisamos resgatar o prestígio da Baía de Todos os Santos, que durante muito tempo ficou esquecido; poucas pessoas conhecem a importância e o destaque que teve durante o período colonial”, comenta Isabela Suarez, presidente da Fundação.

A Ilha dos Frades foi a primeira a ser recuperada pela Fundação Baía Viva. Com 15 praias e mais de seis milhões de m² de Mata Atlântica preservada, a Ilha é uma das mais exuberantes da Bahia e, hoje, após ter seus monumentos históricos recuperados e comunidades estruturadas, é também uma das mais charmosas.

Cerimonial Loreto

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A completa recuperação da Igreja de Loreto, do século XVII, por exemplo, tem um enorme valor simbólico na construção da desejada ponte que liga a cultura ao turismo. Realizada por meio de uma parceria entre a Fundação Baía Viva e os proprietários da Fazenda Loreto, a restauração incluiu também um velho casarão que no passado servia como sede da fazenda e hoje se transformou no Centro de Memória da Ilha dos Frades – visita obrigatória para qualquer interessado em conhecer melhor a origem, a fauna, a flora, a formação geográfica, os costumes e as manifestações populares da ilha.

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O espaço conta ainda com uma área de eventos para até 800 convidados com toda infraestrutura necessária, além de uma área climatizada e um belo pergolado integrado ao jardim com vista para a Baía de Todos os Santos. Quem realiza eventos por lá pode se hospedar no antigo casarão e viver intensamente a experiência de dormir e acordar em uma fazenda centenária.

O casarão tem 12 quartos e capacidade para acomodar até 30 pessoas e o complexo todo é conhecido como Cerimonial Loreto, criado com o objetivo de desenvolver um mecanismo de sustentabilidade para manutenção do patrimônio histórico. “Existe uma preocupação em manter um fluxo permanente de geração de emprego e de renda na Ilha. Anualmente, realizamos diversos cursos de capacitação na comunidade e, quando o espaço é alugado, toda a mão de obra é local para criar um fluxo constante de trabalho e evitar o êxodo para as grandes cidades”, afirma Karina Yacob, Gestora do Cerimonial Loreto.

Ponta de Nossa Senhora do Guadalupe

Vista aérea da Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, Ilha dos Frades.

Outro importante patrimônio histórico recuperado é a Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, no extremo sul da Ilha dos Frades. Construída pelos portugueses no alto do cume da Ponta de Nossa Senhora, a igrejinha de beleza encantadora encontrava-se abandonada e foi totalmente restaurada no ano de 2007. O projeto incluiu também a reconstrução de toda a escadaria que dá acesso à igreja e a instalação de um mirante, de onde se descortina uma das mais belas vistas da Baía de Todos os Santos.

A praia da Ponta de Nossa Senhora é uma das mais belas da Ilha, e na comunidade local a Fundação Baía Viva realiza uma ação de requalificação do equipamento praiano, substituindo as precárias instalações das barracas existentes por construções simples e harmoniosas com o meio ambiente. A praia ganhou também um novo píer, sanitários públicos, posto policial, além de um sistema de sinalização náutica para evitar a aproximação de embarcações na praia e garantir a balneabilidade da água.

A Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe foi aprovada por um júri internacional para receber a Bandeira Azul – programa criado na França em 1980 e considerado o mais importante da categoria em todo o mundo -, que contempla com este selo de qualidade praias e marinas que cumprem um conjunto de 34 requisitos de qualidade socioambiental. A Bandeira Azul é outorgada pela organização não governamental Foundation for Environmental Education (do inglês FEE – Fundação para Educação Ambiental).

Para receber a certificação, a Fundação Baía Viva, em parceria com a Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da comunidade local, fez um trabalho de adequações em quatro áreas principais. Educação Ambiental, Gestão Ambiental, Qualidade da Água, Segurança e Serviços. Foram realizadas melhorias na acessibilidade, requalificação dos banheiros e dos comércios de praia, implantação de sinalização ambiental, entre outras medidas, sempre envolvendo a comunidade. O local está inserido na APCP (Área de Proteção Cultural e Paisagística, da Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe.

Gastronomia de alta qualidade e charmosas pousadas

Culinária baiana no Restaurante da Preta

A Ilha conta hoje com cerca de seis pousadas e mais de dez restaurantes. Entre eles, destaca-se o Restaurante da Preta, da chef Angeluci Figueiredo, uma das mais respeitadas da Bahia. Com culinária baiana da melhor qualidade, o restaurante é frequentado por famosos e admiradores que vão à Ilha somente para provar as delícias da chef.

Em 2020 Preta inaugurou também a Pretoca Pousada, com conceito diferenciado bem ao estilo da Ilha. Com seis apartamentos aconchegantes e decoração artesanal, a Pretoca Pousada caracteriza-se por respeitar o tempo do cliente com opções de café, almoço e jantar sem horários preestabelecidos, por exemplo.

Outro destaque da llha é a Eco Pousada Recanto da Lu que reuniu arquitetos e designers para assinar os projetos dos 11 gazebos de madeira que compõe a pousada.

Antigamente o local funcionava como camping, mas contou com apoio da Fundação Baía Viva para se adaptar às novas regulamentações de preservação ambiental da Ilha e tornou o negócio sustentável e não poluente. O resultado é surpreendente e chama atenção pela originalidade e bom gosto.

Nos próximos meses, mais novidades gastronômicas aportarão na Ilha. Em novembro de 2021, Juli Holler e o chef espanhol José Morchón – proprietários do badalado La Taperia no bairro do Rio Vermelho- inauguram uma versão do La Taperia voltada para a cozinha de brasa. O restaurante ficará na Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe.

Outra pérola do Rio Vermelho que ganha unidade na Ilha dos Frades é o Restaurante Bottino. As obras já estão em andamento e tem previsão de inauguração no início de 2022. A primorosa cozinha italiana do chef Claudio Bottino, deve funcionar na Ilha sazonalmente em períodos de alta temporada.

Quando ir e como chegar?

Assim como Salvador, a Ilha dos Frades pode ser visitada em qualquer época do ano por quem procura sol, calor e praias de águas cristalinas. De abril a agosto, as chuvas são um pouco mais frequentes, mas nada que comprometa a viagem.

De modo geral, os turistas que visitam a Ilha se programam para passar apenas um dia, mas vale investir um pouco mais de tempo e ficar por pelo menos três para explorar todas as praias e belezas do lugar.

Para chegar na Ilha dos Frades, existem dois acessos. A partir dos Terminais Marítimos de Salvador em embarcações privadas que podem ser alugadas, o trajeto dura em média 40 minutos; ou acesso terrestre até o Terminal Marítimo de Madre de Deus e travessia em barcos que podem ser coletivos ou privados locados com antecedência com pessoas da região.

Foto de Fabio Martuscelli
Fabio Martuscelli