As raízes que definem a Clos Apalta

O grand finale foi onde decidimos ser um toujours, pois temos a intenção de repetir em próximos retornos ao Chile. A tradição familiar dos Lapostolle, executada em cada detalhe da experiência, faz com que você sinta que mudou de sobrenome por alguns dias, fazendo parte da família.

Com apenas 10 quartos (4 casitas e 6 villas), o Clos Apalta Residence Relais & Chateaux nomeia suas suítes com uvas clássicas do terroir. Nos hospedamos em uma das elegantes villas com piscina privativa, verdadeiras “tree houses” assinadas pelos arquitetos Bernd Haller e Martin Hurtado, integrando rocha, vidro e madeira com vistas panorâmicas para a reserva natural e privacidade total. A nossa, Sauvignon Blanc, fica ao lado da academia e das saunas seca e úmida. De infraestrutura de lazer e bem estar, também há piscina externa, quadra de tennis, massagens e experiências wellness.



O café da manhã já antecipa o frescor dos ingredientes hiperlocais que o chef Leonel Diaz cultiva na horta do próprio Clos Apalta. A gastronomia, estonteante e expressiva, revela a fusão entre técnicas francesas e a alma chilena em pratos autorais elevados ao padrão Michelin, embora o guia ainda não contemple o Chile oficialmente. O restaurante oferece almoço e jantar de quatro tempos com harmonização dos vinhos top de linha, incluindo rótulos não comercializados em loja, apenas para hóspedes.

No tour pela adega, foi impossível não se impressionar com a arquitetura monumental: sete níveis escavados na rocha de granito, projetados para vinificação por gravidade, preservando a integridade das uvas desde a colheita manual até o repouso nos barris franceses. Um pêndulo decorativo faz referência à energia da terra e ao compromisso com práticas biodinâmicas certificadas. Nessa travessia, percorremos os vinhedos centenários a cavalo, vislumbramos o mosaico de terroirs do Apalta e experimentamos todas as degustações orientadas, incluindo safras lendárias do Clos Apalta, laureadas com 100 pontos por James Suckling e o icônico #1 do mundo pela Wine Spectator em 2008.

É importante destacar que a Clos Apalta preserva vinhas em pé franco (sem enxertia) centenárias, plantadas antes da chegada da filoxera à Europa, o que proporciona ao vinho uma pureza e identidade únicas, raras no mundo.

Outra surpresa para mim foi a sala de guarda (cava) com mais de 7 mil garrafas, muitas não comercializadas, exclusivas da família.

Além das atividades enológicas e dos passeios guiados, o segredo da propriedade está nas experiências personalizadas, como masterclasses de pisco sour, aulas de culinária, trilhas, passeios de bicicleta, birdwatching, sessões de astronomia sob o céu límpido dos Andes, e até piqueniques privados embalados por vinhos raros.

Além do Lapostolle La Parcelle 8, Clos Apalta Tinto e do Le Petit Clos, tivemos mais um protagonista participando de nossa experiência. Uma grande surpresa foi encontrar o presidente e herdeiro da sétima geração, Charles-Henri de Bournet Marnier Lapostolle, jogando tênis com sua família. Compartilhamos mais uma paixão em comum e tivemos a sorte de estarmos hospedados em uma das visitas de Charles ao Chile, já que ele vive em constante movimento pelo mundo.

É o tipo de hospedagem que transforma viagens em memórias atemporais, inspirando os sentidos, do silêncio absoluto ao som dos ventos e dos animais nativos, indispensáveis à conquista do conceito Relais & Châteaux.

Foto de Laura Kassab
Laura Kassab