Acelerando o Agora: por dentro da mente que pensa o futuro antes do futuro chegar

Poucas pessoas conseguem enxergar o futuro antes dele acontecer. Menos ainda têm coragem de construir esse futuro na prática

Conversamos com Fernando Godoy, empreendedor que se define como “catalisador de futuros possíveis” e que tem dedicado sua carreira a conectar tecnologia, educação e negócios em um ecossistema de impacto.

Você criou um ecossistema de empresas, conteúdos e projetos. Como você define seu papel hoje nesse cenário?
Eu me vejo como um catalisador de futuros possíveis. Meu papel não é prever o que vai acontecer — é construir, provocar e acelerar o que pode acontecer. Criei um ecossistema que conecta tecnologia, educação e negócios porque acredito que nenhum desses pilares caminha sozinho. No fundo, sou movido por uma inquietação: não aceitar o mundo como ele é, mas como ele poderia ser — e correr atrás disso com coragem e consistência.”

O que mais te assusta ao observar como as empresas estão lidando com a inteligência artificial?
“A zona de conforto. O ‘vamos esperar mais um pouco’. Isso é o que mais me assusta. A IA não vai destruir empregos. Mas alguém que sabe usar IA pode destruir o seu emprego. O mais perigoso não é o erro — é a paralisia. E ela vem disfarçada de prudência, de orçamento apertado, de ‘ano difícil’. Enquanto isso, o mundo está sendo reprogramado. Quem não atualizar o seu próprio software mental, vai travar.”

Na prática, o que significa o risco de extinção para uma empresa em 2025?
“Extinção hoje não é fechar as portas. É continuar aberto e ninguém perceber que você existe. É ser ignorado. É se tornar irrelevante. Toda empresa ainda presa a processos analógicos, decisões lentas e cultura do controle está correndo esse risco — silenciosamente. O trágico é que muitas só vão perceber quando for tarde demais.”

Você vive entre IA, metaverso e educação. O que a maioria ainda não entendeu sobre essas frentes?
Que nenhuma delas é sobre tecnologia. Todas são sobre gente, cultura e mentalidade. O problema não é falta de ferramenta — é excesso de medo e escassez de visão. IA não é muleta, é escada. O metaverso não é fuga, é laboratório. Educação não é sala de aula, é transformação de consciência. O que falta? Curiosidade ativa. Coragem para desaprender. E senso de urgência.”

Qual foi a decisão mais corajosa da sua carreira — e que fez tudo virar?
“Foi sair da ilusão da estabilidade e me jogar no caos da inovação. Deixar um caminho previsível para construir algo do zero — mais de uma vez. Criar empresas, investir em gente, apostar em educação enquanto todo mundo pensava só em lucro rápido. Empreender com propósito em um mundo que valoriza atalhos foi — e ainda é — a decisão mais corajosa.”

Existe um padrão nas empresas que prosperam apesar da disrupção?
“Sim. Elas tratam inovação como cultura, não como projeto. Testam mais do que planejam. Aprendem mais do que opinam. Têm líderes que perguntam mais do que mandam. E, principalmente, criam produtos que resolvem dores reais, não vaidades internas. Essas empresas não acompanham o futuro — elas o provocam.”

Se você pudesse inserir uma ideia obrigatória na cabeça de todo CEO brasileiro, qual seria?
“Seja o primeiro a fazer o que inevitavelmente todos terão que fazer. Não espere o mercado amadurecer, nem a concorrência agir. Antecipe. Teste. Erre rápido. Transforme o medo de mudar em rotina de evolução. Você não é pago para manter as luzes acesas — você é pago para iluminar o caminho.”

O Escape gosta de provocação: o que você acredita que vai parecer absurdo em 10 anos — mas que você já está vendo agora?
“Que educar crianças com o mesmo modelo da Revolução Industrial ainda é normal. Que médicos ainda passem horas preenchendo papel. Que empresas ainda acreditem que cultura é colocar pufes e mesa de pingue-pongue. Em 10 anos, vamos olhar para tudo isso como olhamos hoje para fax e disquete. A diferença? Eu já desliguei esses aparelhos há muito tempo.”

Para terminar: como você quer ser lembrado no futuro?
“Como alguém que ajudou a construir pontes entre o impossível e o agora. Que não se conformou com a mediocridade disfarçada de estabilidade. Que usou a tecnologia como ferramenta de impacto — e nunca como fim. Quero ser lembrado como alguém que entregou futuro com propósito e inspirou pessoas a se moverem antes que o futuro as empurrasse.”

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