Promovendo a conexão entre a arte e a gastronomia, o evento reuniu a vizinhança do bairro dos Jardins, clientes e produtores em uma deliciosa feira de rua
O Hotel Emiliano realizou no último domingo (8) a 11ª edição do Emiliano Market Day promovendo a conexão entre a arte e a gastronomia e reunindo a vizinhança do bairro dos Jardins, clientes e produtores em um ambiente com diversos espaços e atividades especiais. O evento, considerado um verdadeiro sucesso desde 2010, recebeu cerca de 4.000 pessoas, com destaque para nomes como o CEO do Emiliano Gustavo Filgueiras, a CEO da Santapele Carol Filgueiras, a personal trainer Cacau Saad, a empresária Silvia Vidgal e os ex-master chefs André Serra e Pu Jiang.
Com o tema “Arte Culinária – conexão e transformação”, proporcionou uma programação repleta de workshops e aulas, como a oportunidade de aprender receitas no espaço ‘Mão Na Massa’ com a Chef Vivi Gonçalves à frente da gastronomia do Emiliano; a “Arte da Perfumaria” com Carolina Filgueiras, CEO da Santapele e sobre “O Mundo do Whisky” com Talita Simões, embaixadora da Diageo. Já no espaço ‘Santapele’ os visitantes tiveram acesso a massagem nos pés e aulas funcionais com a renomada personal trainer Cau Saad.
O público presente também teve a chance de conhecer e comprar itens da mais alta qualidade expostos pelos fornecedores do Emiliano. A ocasião também foi para conhecer a mais nova chef Vivi Gonçalves, que assinou o menu do espaço Cozinha Emiliano, onde o público pôde experimentar pequenas porções de algumas de suas receitas e conhecer a gastronomia do Emiliano.
A grande surpresa do evento foram duas obras de arte que propõem reflexão acerca do tema, a primeira da artista Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983), e a segunda dos artistas Ana Dias (São Paulo, 1978), e João Loureiro (São Paulo, 1972).
Carolina Cordeiro, Sem título, 2009
A história da arte do século XX testemunhou a presença de um elemento fundamental, qual seja, a grade, ou grid em inglês. A grade está na ortogonalidade da arquitetura moderna, na matemática e na geometria. No limite, a grade caminha no sentido inverso da natureza e de todo elemento orgânico. No trabalho “Sem título” (2009), de Carolina Cordeiro, temos a presença de uma grade feita de diversas assadeiras de alumínio ordenadas em uma parede, no interior de cada uma delas, a artista faz desenhos com uma mistura de farinha e óleo, comumente usada para untar o utensílio e que está presente na memória afetiva de muitos de nós. Tais desenhos, por sua vez, evocam formas retas e circulares, muitas vezes lembrando um campo de futebol. Nessa obra a artista promove um encontro entre opostos, afinal, no interior da grade – fria, ortogonal, distante do mundo – está presente um elemento orgânico, perene, intimamente relacionado ao cotidiano e à vida: o alimento.
Ana Dias Batista e João Loureiro, Economia doméstica: miolos, 2022
Um dos papéis mais importantes da arte é aquele de nos fazer ver o que já conhecemos de modo diferente. Assim, o fazer artístico tem o poder de nos surpreender, renovando o nosso olhar. Nesse sentido, muito do que os artistas realizam possui relação com o modo com o qual a criança enxerga o mundo ao redor, sem o filtro da racionalidade. O trabalho “Economia doméstica: miolos” (2022), de Ana Dias Batista e João Loureiro, cumpre justamente esse papel, ao introduzir um grau de estranheza, de desconhecido, naquilo que sempre nos pareceu familiar. Aqui, a dupla se apropria de uma típica barraca de feira livre e ali coloca as suas melancias. No caso, melancias esculpidas, mas não com as curvas e floreios típicos das festividades. Nesse caso, cada uma das frutas traz a forma de cérebros – algo que não esperamos encontrar. Os artistas operam aqui uma subversão fina, que reverte as expectativas e introduz doses de sonho, espanto e riso em meio a uma ordinária banca de frutas.